Bosta de País

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Quantos de nós já desejamos o término de nossas vidas diante de um fracasso financeiro? Quantos de nós já sentimos a compulsão de pular de um penhasco por não poder viver um amor verdadeiro? Quantos de nós já pensamos em abreviar a vida diante de uma dor profunda?

Mas ao voltar de Londres o que me provocou esse impulso foi um motivo diferente. E ainda me sinto assim, fazendo parte de um bando de lemmings suicidas, na sua loucura migratória em busca de esperança. E só piora. O Brasil inteiro em metamorfose. Eike, Cabral, Dirceu, Renan, Luiz Ignácio. Despertam de sonhos intranquilos e, como Gregor Samsa, descobrem-se transformados em insetos monstruosos.

Como podem viver se a vida deles se transformou em algo intolerável? Por que, quanto a mim, viver no Brasil passou a representar um sofrimento insuportável. E se a resposta às minhas queixas for essa zombaria já não me importo. Atire a primeira pedra quem nunca pensou em morrer para escapar de uma sensação de dor ou de impotência extremas.

Quem sabe, aos poucos, os sentimentos e ideias dos brasileiros se reorganizem? Quem sabe, as experiências cotidianas passem a fazer sentido novamente e a população consiga restabelecer a confiança em si mesma? Quem sabe, aquele desejo migratório, a ilusão das rotas de fuga, a vontade de resolver todos os problemas num golpe só, tudo isso se dilua?

E então eu sigo adiante, desisto da última cartada, do xeque-mate contra a falta de bem-estar, do gran finale para uma vida onde o presente se tornou pesado demais e o futuro amedrontador. Não, não! Melhor fugir para Portugal.

5 comentários sobre “Bosta de País

  1. Cansado do Brasil, morei com a família um ano em Portugal, como correspondente de Bloch Editores (Manchete) na Europa. Foi um ano muito feliz,mas como foi no governo do

    senhor de engenho Sarney, com inflação superior a 80% POR MÊS, o dinheiro que recebia do Brasil nem era mais cambiado em Portugal o que nos obrigou a voltar.

    Uma observação: isto aqui é uma merda de país (adjetivo) e não um país de merda. Esta (substantivo) tem utilidade como adubo e produção de gás metano.

    Com o abraço do

    Luiz Octavio

  2. O brasileiro em geral não tem horror a essa gente, mas sim uma espécie de inveja de não poder fazer o mesmo. E inveja não é o sentimento que pressiona por mudanças.

  3. Seria teimosia ou burrice minhas a insistência em permanecer neste país esquizofrênico? Sempre tive receio de emigrar e alhures ser considerado cidadão de segunda categoria, “cucaracha”. Sou a segunda geração nascida no Brasil, muito embora de certa forma possa me considerar a primeira, visto que meu pai viveu na fronteira e estudou no Uruguay.

    Minha proposta atual é nas eleições de 2018 não votarmos todos em qualquer candidato que tenha ou tenha tido mandato, nem em seus parentes até segundo grau. Vamos iniciar campanha?

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